O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou na quarta-feira (13) a escolha do senador Marco Rubio, 53, para o cargo de secretário de Estado, um dos mais influentes em Washington e equivalente ao de ministro das Relações Exteriores no Brasil.
“Ele [Rubio] será um forte defensor da nossa nação, um verdadeiro amigo dos nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará diante dos nossos adversários”, escreveu Trump em comunicado.
Senador desde 2010, Rubio é crítico enfático de ditaduras latino-americanas e tem posicionamentos linha-dura também em relação a dois dos principais adversários dos EUA no mundo, o Irã e a China.
No Congresso, o republicano ganhou notoriedade ao defender a aplicação de mais sanções contra Cuba e Venezuela. Simpático à família Bolsonaro, ele chegou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devido aos diálogos que o governo brasileiro manteve com o regime de Nicolás Maduro.
O republicano pressionou o governo Joe Biden a ser mais agressivo contra Pequim, pedindo um embargo completo contra a empresa de tecnologia Huawei. Ele propôs a legislação, sancionada em 2021, que proíbe a entrada nos EUA de mercadorias provenientes de Xinjiang, província chinesa na qual o regime de Xi Jinping é acusado de aprisionar e explorar a mão de obra da minoria muçulmana uigur.
Também foi um dos arquitetos da lei que dá ao governo federal mais poder para implementar medidas contra a China em resposta à erosão da autonomia de Hong Kong, ex-colônia britânica que voltou a ser controlada por Pequim em 1997. Em retaliação, foi alvo de sanções impostas pelo regime, que o acusou de “interferência flagrante” em seus assuntos internos.
Se no passado Rubio foi considerado intervencionista, o atual senador flexibilizou seus posicionamentos sobre ações militares, alinhando-se a Trump. Nos últimos meses, passou a dizer que a Ucrânia precisa buscar “um acordo negociado” com a Rússia para encerrar o conflito. Em abril, foi um dos 15 senadores republicanos que votaram contra um pacote de US$ 61 bilhões em ajuda militar a Kiev.
Três integrantes do governo brasileiro ligados ao Itamaraty e ouvidos pelo jornal Folha disseram que a palavra-chave é cautela em relação à política externa americana para esperar os sinais que Rubio dará. Eles ponderam que será preciso ver o nível de autonomia que Trump dará ao aliado, mas apontam ao menos dois aspectos que devem ganhar peso na gestão republicana.
De um lado, a escolha do senador da Flórida indica que o presidente pretende levar a cabo uma política ainda mais agressiva em relação à China. De outro, há uma constatação de que a América Latina pode receber uma atenção maior da gestão trumpista em comparação com a que teve em outros momentos.
Palavra PB