A Confederação Nacional da Indústria (CNI) recebeu, nesta quarta-feira (3) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para a instalação do grupo de trabalho que vai elaborar o Plano Clima Adaptação – Setor Indústria. O GT, coordenado pela Secretaria de Economia Verde Descarbonização e Bioindústria do MDIC, conta com convidados permanentes do setor produtivo e da sociedade civil, como a CNI, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Pacto Global, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI), entre outros.
O documento, que tem previsão de ser finalizado em seis meses, vai integrar outros 14 planos setoriais. Juntos, eles vão compor a estratégia nacional brasileira de adaptação. A ideia é que o plano nacional seja entregue em 2025, durante a COP30, em Belém (PA). Mas, afinal, por que é importante a elaboração de uma estratégia nacional de adaptação?
A elaboração de uma estratégia nacional de adaptação, com diretrizes e informações claras, guiará os diferentes setores da economia brasileira a investir em mecanismos de resiliência e enfrentamento – como a melhoria dos sistemas de reuso de água, ampliação do acesso a financiamentos e a implementação mais rápida de ações de adaptação.
Para a indústria, a internalização dos riscos climáticos é cada vez mais necessária no planejamento estratégico das empresas. Isso porque as mudanças do clima podem implicar impactos negativos, incluindo:
- danos a infraestruturas e equipamentos;
- interrupção parcial ou total da operação industrial;
- impactos no fornecimento de energia elétrica;
- redução ou interrupção do fornecimento de matérias-primas;
- comprometimento da saúde dos colaboradores; e
- redução da disponibilidade e da qualidade da água.
“Tem um ditado popular que expressa bem os nossos objetivos aqui: É melhor prevenir do que remediar. As mudanças climáticas trazem um impacto grande aos setores industriais que precisam se adaptar. Por exemplo, o setor agroindustrial. Tivemos um exemplo trágico ano passado. A seca extrema da região Norte”, disse o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, Rodrigo Rollemberg.
Os riscos das mudanças no clima serão diferenciados conforme o setor, a região do país e o porte das empresas. Segundo a CNI, os setores mais sensíveis são aqueles mais intensivos no uso de água e energia, os localizados em regiões geográficas mais expostas, como por exemplo, em áreas costeiras ou em locais com riscos inundações e deslizamentos de terra.
“A adaptação às mudanças climáticas é um tema que vem sendo discutido no âmbito do Plano Clima, em fóruns internacionais e é uma agenda que a CNI trata há bastante tempo. Agora, com esse GT vamos definir as estratégias para prevenção e resiliência da indústria, que é afetada diretamente com as secas, inundações e ondas de calor”, afirmou o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.
Cada país signatário do Acordo de Paris precisa desenvolver seus planos de adaptação, e os resultados podem ser usados para atualizar e melhorar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), uma parte central do tratado.
Custo da adaptação
O relatório global do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado no ano passado, alertou que o progresso na adaptação climática está desacelerando, em um momento em que deveria estar acelerando para acompanhar os crescentes impactos da mudança climática e seus riscos para as pessoas, a natureza e a economia mundial.
O PNUMA indicou que os fundos necessários para adaptação aos efeitos da mudança climática devem atingir uma faixa central plausível de US$215 bilhões a US$387 bilhões por ano nesta década.
FIEP PB