O quadro na CĂąmara Municipal de Campina Grande Ă© inĂ©dito. Pela primeira vez desde que qualquer cronista polĂtico possa se lembrar, a bancada de um prefeito nĂŁo tem lĂder e, mesmo majoritĂĄria, se permite ser engolida pela oposição.
A Casa de FĂ©lix AraĂșjo, que viu em legislaturas passadas prefeitos politicamente habilidosos, como Romero Rodrigues e Veneziano Vital, ampliar suas bases aliadas e estabelecer ampla maioria, agora registra em suas atas uma supremacia da minoria.
Nas Ășltimas semanas, a crise instalada na saĂșde (tambĂ©m sem precedentes) virou tema inevitĂĄvel da oposição. Enquanto vereadores adversĂĄrios do prefeito se alternavam na tribuna, os aliados de Bruno intencionalmente se mantinham quietos.
Nos corredores, quando abordados pela imprensa, dois ou trĂȘs no mĂĄximo ensaiaram uma meia defesa, com falas meramente protocolares.
O silĂȘncio nĂŁo Ă© justificado apenas pela dificuldade de defender o indefensĂĄvel: salĂĄrios de servidores atrasados, falta aguda de insumos nas unidades de saĂșde, fornecedores levando cobranças Ă Justiça e fazendo ilaçÔes graves na mĂdia.
Mesmo aliado do governo, o vereador é eleito pelo povo. E o povo não consegue entender nem aceitar quando quem deveria representå-lo tenta justificar esse tipo de situação.
SĂł que o problema que gera o silĂȘncio da base governista Ă© mais amplo e mais profundo. Uma insatisfação crescente, mĂĄgoas que se somam, reclamaçÔes sobre o mau relacionamento com o prĂłprio chefe do executivo e com auxiliares sĂŁo queixas que vĂȘm de longe.
Para piorar, os lĂderes mais eficientes que Bruno teve viram colegas que jamais abriram a boca para fazer a defesa da gestĂŁo sendo muito mais prestigiados. O queixume Ă© de conhecimento pĂșblico.
Quem pĂŽs a cara para bater pelo governo viu o “bloco do silĂȘncio” ter mais apoio na eleição. Enquanto alguns do “nĂșcleo dos calados” indicaram nomes atĂ© para o alto escalĂŁo, quem carregou a liderança nĂŁo sugeriu um coordenador.
SĂŁo gestos elementares da polĂtica, que produzem consequĂȘncias.
A eleição para a mesa diretora agravou as feridas. O pĂłs-eleição piorou ainda mais. E em polĂtica, como em tudo na vida, os atos falam mais que as palavras – mesmo as eloquentes.
O prefeito nĂŁo ouviu os aliados. Agora, escuta o silĂȘncio gritando…
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Por Lenildo Ferreira










