A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (ASFAV) denunciou nesta quinta-feira (25) o que classificou como censura e despreparo institucional por parte do presidente interino da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo a entidade, Motta bloqueou o perfil oficial da associação e o da advogada Carolina Siebra, representante legal dos familiares dos presos pelos atos de 8 de janeiro.
O motivo do bloqueio teria sido um comentário feito pela advogada em uma publicação no Instagram do parlamentar. Carolina escreveu:
“Presidente, cumpra sua promessa!”
A frase fazia referência direta ao Projeto de Lei da Anistia, cujo andamento Hugo Motta prometeu pautar, mas que vem sendo postergado, mesmo diante da pressão de parlamentares da oposição e de grupos ligados aos presos.
Associação reage: “Fere a liberdade de expressão”
Em nota pública, a ASFAV criticou duramente a atitude do presidente da Câmara, afirmando que o bloqueio demonstra “despreparo para lidar com críticas democráticas” e intolerância com vozes dissonantes:
“O bloqueio de vozes dissonantes, sobretudo quando expressas dentro dos limites da civilidade, fere o princípio da liberdade de expressão e empobrece o debate democrático”, afirma a entidade.
A associação reforçou que sempre manteve diálogo respeitoso com autoridades, mas não abrirá mão do direito de cobrar providências do Parlamento, especialmente diante do que classifica como “injustiças cometidas contra cidadãos comuns”.
Motta frustra oposição ao recuar de compromisso
A tensão política em torno da anistia aos presos do 8 de janeiro aumentou após Motta recuar da promessa de pautar o projeto com urgência, mesmo com votos suficientes já reunidos pelo PL para levar o texto ao plenário.
Desde que passou a atuar como presidente interino da Câmara, em substituição a Arthur Lira (PP-AL), Motta tem adotado postura mais próxima ao governo Lula, o que, segundo parlamentares da oposição, está influenciando a paralisação deliberada do debate sobre a anistia.
“Ele prometeu pautar. Não cumpriu. E agora bloqueia quem cobra. É isso o que se tornou o Congresso?”, questionou um integrante da bancada conservadora, sob anonimato.
Debate sobre liberdade e censura nas redes oficiais
O caso reacende discussões sobre liberdade de expressão nas redes sociais de autoridades públicas, especialmente quando essas plataformas são utilizadas para divulgar atos oficiais e se comunicar com a população. Juristas alertam que, ao bloquear cidadãos ou entidades que fazem cobranças legítimas, um parlamentar pode estar infringindo princípios constitucionais, sobretudo o direito de petição e manifestação.
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