Paraíba

Hospital de Trauma expõe realidade que contrasta com a “Paraíba da Gente”

Hospital de Trauma expõe realidade que contrasta com a “Paraíba da Gente”


Enquanto o Governo do Estado publiciza uma Paraíba que parece mais uma Nova York nordestina, com direito a lançamento de revista intitulada “Paraíba da Gente”, a realidade enfrentada pela população revela um cenário bem diferente do propagado. No Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, por exemplo, o abandono extrapola as conhecidas falhas internas e se estende ao lado de fora, onde lixo, entulhos e cachorros de rua compõem o cenário caótico. Um reflexo de uma gestão que não consegue dar conta sequer do básico para quem precisa de atendimento.

Enquanto isso, o Ministério Público aponta que o “prato que tá cheio” não é o do povo. Segundo uma recente denúncia, há indícios de um suposto esquema de pagamento de propina, chamado de “devoluções”, envolvendo empresas contratadas para fornecer produtos a um outro hospital (O Padre Zé) e refeições para o programa Prato Cheio. A denúncia escancara a contradição de uma gestão que alardeia avanços enquanto instituições como o Hospital de Trauma sofrem com a falta de insumos, superlotação e negligência nos atendimentos.

Casos de erros médicos, como cirurgias realizadas na perna errada de uma criança ou a colocação de pés invertidos em pacientes, somam-se a um histórico de filas intermináveis para operações e às condições degradantes nos corredores. Além disso, macas das ambulâncias ficam retidas no hospital, comprometendo o socorro em outras localidades.

O contraste entre a realidade dura enfrentada pelo povo e a narrativa vendida pelo Governo do Estado é gritante. Enquanto o marketing oficial exalta uma Paraíba idealizada, os campinenses e demais paraibanos convivem com a precariedade de um sistema de saúde que não oferece dignidade nem segurança.

A revista Paraíba da Gente pode até trazer belas imagens e textos bem elaborados, mas o que o povo vê todos os dias no Hospital de Trauma, na falta de água que aflige cidades vizinhas há mais de um ano e em setores críticos, como o Cedmex, é uma Paraíba abandonada. Uma Paraíba onde o “prato cheio” parece estar reservado apenas para poucos privilegiados.

Simone Duarte