As empresas estatais registraram um déficit primário de R$ 18,5 bilhões desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo dados compilados pelo Banco Central. É o maior rombo para o período em toda a série histórica. O resultado negativo começou em 2023, com R$ 2,2 bilhões, quase quadruplicou em 2024, chegando a R$ 8,07 bilhões, e soma R$ 8,3 bilhões apenas entre janeiro e agosto de 2025.
A análise não inclui Petrobras e bancos públicos. A exclusão da Petrobras se deve à sua governança corporativa semelhante à de empresas privadas, com autonomia para captar recursos. Entre as responsáveis pelo déficit, destacam-se os Correios, que enfrentam crise bilionária e solicitaram empréstimo de R$ 20 bilhões. A estatal postal sozinha registrou rombo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Especialistas apontam que o déficit deve se manter, sobretudo com a aproximação do ano eleitoral. “O ambiente fiscal e político de 2025 é delicado. Há tendência de postergação de ajustes e resistência a medidas impopulares. Isso significa que o déficit pode se prolongar, especialmente se não houver redesenho mais profundo da atuação dessas empresas”, avalia Deborah Toni, advogada especialista em direito público.
O governo, no entanto, defende que o resultado primário não é o indicador mais adequado para medir a saúde financeira de estatais. Segundo o Ministério da Gestão e Inovação (MGI), déficits podem ocorrer devido a investimentos ou pagamentos de dividendos com recursos acumulados, sem refletir desequilíbrio financeiro real. “Um déficit primário pode indicar ciclo de investimento intensivo, e não necessariamente falha de gestão ou insuficiência de receitas operacionais”, afirma o MGI.
Com informações da CNN Brasil