CBF tem parecer favorável para oficializar quatro clubes como campeões da Série B de 1986; Treze é um deles

O torcedor passa pelo portão de acesso, sobe alguns degraus e se vê na arquibancada do Estádio Presidente Vargas, em Campina Grande, a casa do Treze, se depara com os seguintes dizeres: “Campeão Brasileiro de 1986 da Série B” . Só que no Estádio Lacerdão, em Caruaru, a casa do Central, a faixa de “Campeão Brasileiro Série B – 1986” , também chama a atenção. O Internacional de Limeira e Criciúma também reivindicam o título nacional.

Quase 40 anos depois, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deve oficializar em breve os quatro clubes como campeões da Série B do Brasileiro de 1986. O quarteto reinvidica o título do Torneio Paralelo de 1986 há anos.

A CBF já tem o parecer favorável para reconhecer o Torneio Paralelo de 1986 como equivalente à Série B. Nesse caso, o Central de Caruaru (PE), Treze de Campina Grande (PB), Inter de Limeira (SP) e Criciúma (SC) seriam beneficiados. O departamento jurídico já deu o aval e agora faltam só trâmites burocráticos. O processo vai passar pela diretoria de competições e, na sequência, segue para homologação do presidente Samir Xaud.

Como a Segunda Divisão não foi disputada em 1986, a entidade promoveu o Torneio Paralelo de 1986. No entanto, a competição não teria apenas um campeão e, sim, os quatro times que ascenderiam à elite.

A presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB), Michelle Ramalho, que também é vice-presidente da CBF, explicou que o trâmite está perto do fim. Ela foi uma das articuladoras do processo ao lado do Treze e vem brigando pelo reconhecimento há quatro anos.

Como funcionou o Torneio Paralelo de 1986

A própria criação do Torneio Paralelo pela CBF foi polêmica. Inicialmente, a competição teria a participação de 24 times – 22 deles vindos dos campeonatos estaduais, e mais Goytacaz (vice-campeão da Taça de Prata de 1985) e o Pelotas (pelo ranking do Brasileirão do ano anterior).

A confusão começou depois que a Federação do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) indicou o Americano na vaga que seria do Campo Grande. Após muitos protestos, a CBF decidiu conciliar todos os interesses – algo comum na época – e decidiu convidar mais 12 clubes.

A competição, então, teve 36 times divididos em quatro grupos de nove times cada.

Os times jogaram entre si, dentro do próprio grupo, em turno único. Apenas o campeão de cada chave avançava para a segunda fase do Brasileirão, considerado o acesso no mesmo ano – como já acontecera nos anos anteriores. Treze, Central, Inter de Limeira e Criciúma foram os vencedores.

Já na 2ª fase daquele Brasileirão, o Criciúma terminou na 15ª posição, a Inter de Limeira em 16º, o Treze em 35º e o Central em 36º.

Em princípio, a Confederação Brasileira de Futebol não reconheceu nenhum deles e garante que não existe um campeão brasileiro da Série B daquele ano. A CBF não reconhece o campeão do chamado Torneio Paralelo da CBF, que substituiu a então Taça de Prata e que tinha um formato para lá de controverso. No entanto, agora voltou atrás e pode homologar o título dos quatro clubes.

Para Treze e Central, o reconhecimento da Série B de 1986 seria o primeiro título nacional de ambos. Já para Criciúma e Inter de Limeira, a taça viria a somar à galeria que incluiu outras façanhas.

Os pedidos de reconhecimento também contam com a adesão das respectivas federações estaduais. Os dois times nordestinos, aliás, têm pintados em seus respectivos muros que eles são campeões da Série B de 1986.

A CBF ainda não decidiu se fará alguma solenidade ou apenas divulgará o comunicado reconhecendo o título da Série B de 1986 para Treze, Central, Inter de Limeira e Criciúma.

Severino Lopes